mesmo que ninguém mais saiba seu nome,
nem acredite no calendário,
nem possua jardim para recebê-la. (...)
Vozes novas de passarinhos
começam a ensaiar as árias
tradicionais de sua nação.
Pequenas borboletas brancas e amarelas
apressam-se pelos ares,
- e certamente conversam:
mas tão baixinho que não se entende.
(...)
Mas é certo que a primavera chega.
É certo que a vida não se esquece,
e a terra maternalmente se enfeita
para as festas de sua perpetuação. (...)
Tudo isto para brilhar um instante,
apenas, para ser lançado ao vento,
- por fidelidade à obscura semente,
ao que vem, na rotação da eternidade.
Saudemos a primavera, dona da vida - e efêmera."
Cecília Meireles
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